Psicologia do Esporte: Flamengo x Vasco

quinta-feira, julho 27, 2006

Flamengo x Vasco

Quando vi as declarações do técnico do Vasco, Renato Gaúcho, antes das partidas finais da Copa do Brasil, uma coisa me chamou atenção: VERBO FAZER NO PRESENTE "Já disse que não quero ninguém na quinta-feira se lamentando: 'ah, se eu tivesse feito isso...', 'ah, se eu tivesse dado um chutão...', 'ah, se eu tivesse mais vontade...'. Tem que pensar isso no presente, às 21h45 desta quarta-feira, e fazer o que tiver que fazer, fazer na hora para deitar a cabeça no travesseiro e dormir com a consciência tranqüila. Na quinta-feira, se eu ouvir 'ah, seu eu tivesse feito isso...', vou me irritar." Essa declaração está publicada no jornal O DIA ONLINE e parece ter sido influenciada pela recente derroda ta Seleção Brasileira na Copa, atribuída por muitos à falta de vontade dos jogadores. Acredito que o técnico acertou ao alertar seu time dessa maneira, mas deve-se lembrar sempre que um atleta não é igual ao outro e que a preparação psicológica deles deve ser baseada no equilíbrio. Explico: É possível que os jogadores já estivessem se prevenindo da situação vivida pelos seus colegas e o alerta do técnico fez com que a motivação aumentasse ainda mais, ultrapassando o ponto ideal, gerando alguns efeitos colaterais. Levanto essa hipótese com base no que aconteceu com o atacante Valdir Papel, cujo excesso de vontade resultou em duas faltas e uma expulsão. Observem que, após o lance, ele ainda tenta argumentar com o árbitro, aparentando não ter percebido a agressividade usada por ele mesmo contra um companheiro de profissão. Creio que a frase de hoje na cabeça da equipe do Vasco é 'ah, se eu não tivesse', mas quem sai derrotado sempre vai lamentar alguma coisa. CONCLUSÃO: é preciso alertar a equipe não só do 'ah, se eu tivesse', mas também do 'ah, se eu não tivesse', buscando sempre o equilíbrio da motivação. Tal questão é o que impossibilita trabalhos em psicologia do esporte baseados somente em vídeos motivacionais, pois neles o profissional não percebe quando o equilíbrio é alcançado por cada atleta de modo a não influenciar demasiadamente a ansiedade ou a agressividade de nenhum deles. ATENÇÃO: em esportes onde não há contato físico direto, a motivação deve ser tratade de maneira diferente daquela usada no futebol. Da mesma forma nos esportes cujos movimentos são finos, exigindo muita precisão na execução (tênis, golfe, tiro...).