Psicologia do Esporte: DUAS LIÇÕES DO BASQUETE

sexta-feira, setembro 22, 2006

DUAS LIÇÕES DO BASQUETE

Depois de uma vitória maiúscula contra a República Tcheca, a equipe brasileira de basquete feminino jogou mais uma vez de igual para igual contra a fortíssima Austrália. Por que, então, o sentimento final foi o de derrota? Primeiramente porque o time perdeu, logo não se poderia comemorar. Além disso, antes do quarto quarto (agora não são mais primeiro e segundo tempos, mas 4/4) o Brasil tinha sete pontos de vantagem e acabou perdendo por uma diferença de doze. Duas lições ficam dai: uma equipe forte não desiste facilmente. Era esperado que a Austrália tentasse algo no último quarto. Numa situação dessas, as instruções dadas durante o último o intervalo são fundamentais, especialmente por causa do limite de tempo que impediu o técnico de parar o jogo imediatamente quando a "vaca começou a ir para o brejo". Não quero ser mais uma a criticar o técnico, quem sou eu para colocar em jogo sua competência. Digo isso acreditando que poucos - ou nenhum - técnicos brasileiros faria/fariam uma pausa tão cedo. Na minha opinião, a maioria aguardaria o tempo que ele aguardou. O motivo está na segunda lição que a Austrália nos ensinou. Nem sempre demonstrar nervosismo e irritação é o melhor comportamento para um técnico. Gostaria de ter nos meus arquivos de vídeo as imagens da técnica da Austrália, Jan Stirling. Ela não perdeu a classe e nem se desesperou em momento algum. Imagino que permaneceu o tempo todo buscando uma solução para a situação de jogo que estava vivendo. Mantendo a calma e raciocinando, inteligentemente, encontrou uma forma para vencer o Brasil e a torcida. O mesmo não acontece com os técnicos brasileiros. Há uma crença de que técnico bom é o que grita e o que dá bronca. Não é porque o Bernardinho faz isso e vence que esta seja a receita a ser seguida. Parreira não demonstrou irritação com seus jogadores de futebol e foi criticado. Parecia que não estava se importando. Seu erro não foi manter a calma, mas , ao contrário da Jan Stirling, não encontrou a solução que precisava. Até quando vamos achar que irritação é esforço e que calma é desinteresse? Até quando vamos perder para nós mesmos? Dessa vez a punição veio dobrada: a derrota e os EUA na disputa pelo bronze. Vamos ver se o time se abate ou se cresce diante das feras americanas. Excelente oportunidade para vencê-las!