Psicologia do Esporte: Verdasco e Ferrer contra Nadal

domingo, maio 02, 2010

Verdasco e Ferrer contra Nadal

Há 3 semanas seguidas os tenistas espanhóis não estão dando chance pra ninguém. Fazem todas as finais dos torneios e garantem 3 das 4 vagas nas semis. São jogadores que se conhecem, treinam juntos e estão na equipe da Copa Davis . Entre eles, um clima de cordialidade e esportividade, o conhecido fairplay.

A figura mais importante ainda é o Rafael Nadal e o post que agora escrevo é para comentar as reações do seus amigos e adversários quando têm que enfrentá-lo. Refiro-me às reações emocionais, já que este é o nosso interesse.

Não há dúvidas de que Nadal está tecnicamente um pouco à frente dos seus adversários, mas também não está no seu melhor momento. Está voltando de contusão e anda falhando em momentos decisivos. Seria, portanto, uma boa oportunidade para tentar vencê-lo. A tarefa, porém não é assim tão fácil. Enquanto o Nadal já controla a sua ansiedade durante os jogos, seus patrícios ainda não sabem fazer isso, vejamos o que ocorre:

Talvez o Juan Carlos Ferrero seja o jogador espanhol que menos respeita o Nadal, afinal é experiente, já foi número 1, ganhou Roland Garros e muitos outros títulos importantes. Anda, porém, um pouco longe da forma de antes e por isso não está aparecendo nas rodadas decisivas dos torneios.

Dentre os que estão chegando às finais, David Ferrer se comporta muito bem quando joga contra Nadal: consegue break points, às vezes se permite quebrar o serviço do rei do saibro e luta até o final, dificultando o quanto pode para o seu adversário. Infelizmente seus recursos técnicos (que são muitos, não vamos despresar) são limitados. Eu diria, inclusive, que ele está um pouco abaixo do Fernando Verdasco, por isso, o fato de ter deixado escapar o 5/4, 0/30 da final de Roma não é muito preocupante. Mesmo que ganhasse o primeiro set dificilmente conseguiria manter o Nadal sob controle.

Chamou-me a atenção, porém, o comportamento de Fernando Verdasco nessas 3 últimas semanas. Primeiro em Monte Carlo: nas semis ele ganhou de Djokovic  e levou 6/0, 6/1 do Nadal na final. Um verdadeiro baile que ele tentou minimizar chamando o fisioterapeuta para dar uma olhada na sua cervical. Na entrevista, foi perguntado se o Nadal lhe havia dado "dor de cabeça". Certamente, mas ele negou. Depois, em Barcelona, sem a presença do bicho-papão do Nadal, Verdasco encontrou o seu melhor jogo: despachou o amigo Ferrer nas semis, de virada (6/7(3), 7/5, 6/1) e não tomou conhecimento do Robin Söderling na final (6/1, 6/4). Agora em roma, porém, depois de estar confortavelmente ganhando de 5/2 o primeiro set, levou a virada (7/5) e um rápido 6/3. o curioso foi que, quando percebeu que a partida estava escapando das suas mãos, começou a mancar e o público a vaiar. Parecia até que abandonaria a partida. É verdade que o ritmo é forte e que o cansaço aperta, mas nada justifica uma atitude tão clara de desistência. Além de feia e antidesportiva, incomoda o público pagante e pode até resultar em perda de patrocínio, pois nenhuma empresa vai querer associar a sua marca a um jogador que desiste quando acha que não tem chances de vencer. E o tênis é um esporte no qual tudo pode acontecer até a chegada do match point. Uma pena, porque nos últimos tempos o Verdasco é um dos melhores jogadores do circuito. Uma pena ser tão fraco mentalmente, contra os espanhóis, principalmente e o Nadal, especialmente.