Psicologia do Esporte: Nosso time para Pequim

quarta-feira, julho 30, 2008

Nosso time para Pequim

O Brasil trabalhou direitinho nos últimos anos e o resultado é que temos uma equipe para estes jogos como nunca antes tivemos. Vamos ver, esporte por esporte:

O Atletismo sempre traz alguma medalha para o país, algumas vezes de onde menos se espera. Nesta edição estamos esperando algo do Jadel Gregório no salto triplo, da Fabiana Murer no salto com vara (embora a falta de experiência nos jogos pese contra), e da Maurren Maggi, no salto em distância, depois de toda a polêmica com a tal da pomada. Não se pode esquecer dos revezamentos.

O Basquete é só  feminino e a nova geração vai tentar fazer bonito. Tem toda a torcida, mas não a pressão. Os nomes mais conhecidos já se aposentaram, e uma Adrianinha só não faz verão. Sorte para as meninas que apesar de tudo se mantêm entre as melhores equipes.

O Boxe andou sendo treinado por cubanos, aliás, uma boa idéia, já que os brasileiros nunca souberam muito bem como marcar pontos nos adversários. Daí também não se espera muito, mas eu creio que, depois de tanto trabalho, algo pode sair.

Do Futebol dá até arrepio falar. Considerado o melhor do mundo, o masculino nunca beliscou o ouro. Diante da confusão “libera-não-libera-Ronaldinho-Diego-Kaká-e outros” e da estatística desfavorável, o masculino joga sob a liderança de um técnico novato e inexperiente como o Dunga, auxiliado pelo Jorginho. Segundo as críticas da imprensa, eles não convocam os melhores jogadores para a posição e por isso estão amargando um 5º lugar nas eliminatórias. Interpreto isso como uma insegurança e uma dificuldade para manter o comando da equipe. Os chefes que temem perder o cargo não empregam um funcionário que pode lhe roubar o posto, apenas aqueles que, sabendo-se inferiores, lhe serão gratos para todo o sempre.

Mesmo assim a medalha deve chegar, e talvez até o ouro, mas isso depende do que fizerem os jogadores em campo, fora dele, e da coesão do grupo. Olho aberto para os times africanos. Em olimpíadas eles são o maior risco.

O feminino nunca chegou ao ouro e vai tentar mais uma vez. Delas se cobra e se espera menos. Acho isso ótimo, mas a torcida não é menor: vamos meninas!

A Ginástica artística vai com Diego Hypólito no masculino e leva com ele a esperança do ouro. Vai ser preciso um imprevisto muito grande para tirar-lhe a dourada, porém, o tal imprevisto é facilmente previsível: ou uma lesão, ou uma bela amarelada à la Daiane dos Santos. Ambas as coisas são possíveis e aí só cantando um “segura na mão de Deus”. Resta rezar, apenas, o resto ele já fez.

As meninas da equipe vão em duas situações diferentes: garotas novas para ganhar experiência e as veteranas, já sem chances, para cumprir tabela. Espero que alguma me faça pagar a língua e saia de lá com algo mais que um ramo de flores e um “muito obrigado”. Parece que as maiores chances são da Jade, mas os entendidos estão incrédulos e não sou eu que vou dizer que vem medalha por ai.

As medalhas do Hipismo já são tradição. Um paradoxo o Brasil, teoricamente um país pobre, ter no hipismo e na vela seus melhores resultados esportivos em jogos olímpicos. Seria discriminação não apoiar nossa elite. Tanto em equipe como no individual. Os nomes mais conhecidos são os do Rodrigo Pessoa e do Doda Miranda. Tomara que dessa vez o feminino apareça também.

Não é bom falar muito para não dar zebra, mas Judô tem tudo para aprontar e trazer grande número de medalhas. No Pan eles já ganharam experiência e agora vão a Pequim conhecendo muito bem todo o stress de uma competição do tipo “perdeu, saiu”. Na minha opinião pessoal, vamos ficar devendo aos nossos judocas grande parte do sucesso do nosso quadro de medalhas.

Na Natação vai acontecer um fenômeno um pouco complexo. O nosso melhor nadador é o Thiago Pereira. Ele vai participar de muitas provas, porém, sem grandes chances em nenhuma delas, uma pena. A torcida será grande para que ele belisque algo nos 200m ou 400m medley, seus melhores resultados, mas... muita gente boa estará ai também.

Parece que o César Cielo e o Kaio Márcio estão mais perto do podium que o Thiago, sem esquecer os revezamentos, mais fortes que nunca!

As mulheres não devem aparecer muito nesta modalidade, uma final aqui e ali e estará de bom tamanho. De novo, eu espero estar errada e que outros e outras ponham a nossa bandeira entre as três.

No tênis, uma notícia boa e uma ruim. A boa é que quase nunca se vê os melhores do mundo como campeões. A ruim é que os brasileiros Marcos Daniel e Thomaz Bellucci são tão aspirantes a zebras quanto os demais. E estes têm bem mais chances que os brazucas.

Sinceramente, não acredito que este tabu seja quebrado e realmente creio que os melhores não levarão o ouro. Rafael Nadal e Roger Federrer estão animados, porém muito cansados e pressionados, o que atrapalha bastante quando o adversário se encontra motivado por representar o seu país.

A dupla brasileira, André Sá e Marcelo Melo, tem boas chances. Tomara que cheguem pelo menos às semis para beliscar alguma coisa.

A vela é a nossa outra força, mas estamos desfalcados. A medalha líquida e certa do Robert Scheidt na classe laser agora é dúvida na classe Star. O Robert vem acompanhado do Bruno Prada e esperamos bons resultados assim mesmo. Vamos de laser com o Bruno Fontes e mantemos a esperança com o Bimba (Ricardo Winicki) que já ganhou experiência suficiente e não deve mais se abalar como da outra vez.

Para finalizar esta avaliação, o vôlei vai brigar na praia e na quadra, masculino e feminino. É, sem dúvida, nossa maior força, onde somos potência. As derrotas do masculino na liga mundial pôs dúvida na cabeça de todo mundo. Por um lado é bom, para que ninguém se sinta imbatível. Por outro lado, dá muita moral para o adversário. Eu me sentiria melhor se o Bernardinho confiasse em um profissional SportPsy, mas aquele ali não vai largar o osso da equipe de jeito nenhum. Nada de dividir liderança: “é meu e ninguém tasca!”.

O feminino tem a missão de superar o trauma do 24x19 e por isso só deve convencer (a si mesmo, não à torcida), se vencer as grandalhonas. Torcida vai ter, todo o nosso apoio para elas.

Na areia, a nossa história se repete: o masculino bem à frente do feminino, com Ricardo e Emanuel, Márcio e Fábio Luiz . As meninas são Juliana e Larissa, Renata e Talita. A contusão da Juliana põe dúvida sobre o desempenho da dupla. Para quem vem estudando estereótipo de lesionado, me controlo para não exagerar no pessimismo e me limito a torcer.

Tanto o masculino como o feminino têm chances de ganhar e de perder. Vamos ver no que dá.

Estamos representados também no Tênis de mesa, no Tiro com arco, Tiro esportivo, Triatlo, Canoagem, Ciclismo, Esgrima, Ginástica rítmica, Handebol, Lutas, Nado sincronizado, Saltos ornamentais, Taekwondo e no Remo. Infelizmente, os meus conhecimentos para analisar as chances nestes esportes são limitados, mas a torcida não.

Se pudesse enviar-lhes uma mensagem, desejaria a todos eles muito boa sorte, que façam o melhor possível diante das circunstâncias apresentadas. O importante é sair de lá com a certeza de que melhor não poderia ser.

Estou segura de que virão mais medalhas do que das outras vezes, porque trabalhamos duro, bem mais do que antes.

Como sempre, deve vir medalha de onde não se espera e devemos perder alguma que era quase certa, mas o que vier será bem vindo. Temos que reconhecer que estes atletas já são vencedores, embora ninguém queira o título de campeão moral.

Quero expressar o meu orgulho pela nossa equipe e já aviso logo que vou descer a mão em quem abrir a boca pra reclamar de algum resultado.

Se não gostou, que tal tentar fazer melhor?